Com'Out nº2

Editorial N. 2_ “It’s the economy, stupid”
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Chueca, dez anos atrás. O bairro madrileno não passava de um pardieiro, interdito a quem prezava pela sua segurança. Situado no coração da capital espanhola, começou a ganhar vida à medida que a comunidade LGBT ia mudando com armas e bagagens. Abriram lojas, cafés, bares e a zona revitalizou-se em poucos anos. Hoje, é um dos locais mais estimulantes da cidade, onde praticamente todos os madrilenos – e não só – se sentem à vontade. E assim renasceu das cinzas um bairro inteiro.

A indústria relacionada com o segmento LGBT em Espanha movimenta muitos milhões por ano. Simplesmente porque o mercado começou a perceber que o dinheiro vindo da comunidade tinha o mesmo valor do que o da “outra” comunidade. Os pruridos e os preconceitos desapareceram. Um grupo economicamente forte é sinónimo de voz forte. E o que os anos de manifestações não fizeram, fez a economia. O poder político vergou-se. E agora não há partido que não tenha o chamado candidato G.

Tudo isto para chegar aonde? Mesmo aqui ao cantinho da Península Ibérica: nós. É inacreditável o atraso de certas mentes lusas. Não é fácil ouvir das empresas que obtêm grande parte dos seus lucros à custa da população LGBT a frase: “Lamentamos, mas a nossa política é não nos associarmos a revistas destinadas a gays e lésbicas”. Para não ficarem “conotados”. Como se um produto ou serviço que interessa a toda a sociedade perdesse o seu valor simplesmente por ser publicado num órgão de informação LGBT. Moral da história: Gostamos muito do vosso dinheiro, mas de vocês nem por isso. Bonito, não acham?

Vai já sendo altura de estes espíritos abrirem bem a pestana e olharem para o vizinho, onde por exemplo nesta gay pride não houve marca que não quisesse associar-se à parada. Sob o risco de qualquer dia ouvirem a frase: “It’s the economy, stupid”.

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